quinta-feira, 28 de março de 2013

Cabem 500 páginas em 2 horas?



Larissa Guedes


Adaptar livros para o cinema não é uma tarefa fácil. Agradar aos críticos e aos fãs dos livros é ainda mais difícil. E em se tratando de grandes sucessos literários, com legiões de fãs, isso se torna ainda pior!

Grandes sagas como Harry Potter e Senhor dos Anéis tem fãs incondicionais, que defendem que cada linha e cada palavra dos livros sejam transmitidas nas adaptações cinematográficas. São fãs que sabem o nome e o uso de cada feitiço já realizado no mundo de Hogwarts, que sabem falar Élfico e a designação de cada criatura da Terra Média. E esses fãs querem um filme que faça jus ao livro, que não exclua uma cena, que não mude a história, que o roteiro do filme seja quase uma cópia das páginas do seu amado livro.

Impossível, claro! São linguagens diferentes, são formatos diferentes, são universos diferentes. É lógico que tem que haver mudanças, cortes e releituras e isso não significa se distanciar da essência da história. Em seu texto sobre adaptações para a revista Nova Escola o professor de Literatura André Luis Rosa e Silva escreve que “a própria palavra ‘adaptação’ tem o sentido de transportar um gênero para outro, deixando claro que se devem fazer ajustes, através de correspondências ou transformações necessárias, para que o roteiro seja eficiente”. Beleza, concordo plenamente. Meu problema com várias adaptações é que elas cortam várias informações e cenas que são importantes para a trama e, às vezes, até inventam coisas nada a ver com nada! Por exemplo, no Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban eles não explicam quem são os Marotos (Almofadinhas, Pontas, Rabicho e Aluado) que fizeram o tal Mapa dos Marotos do Harry e filmes depois eles falam nisso, e aí quem não leu o livro fica voando na história. E no Enigma do Príncipe eles gastam mais de 2 minutos de filme com o incêndio d’A Toca (a casa dos Weasleys) coisa que nunca aconteceu nos livros, enquanto podiam estar explicando outras coisas muito mais importantes. E o melhor é que no próximo filme A Toca surge de volta lá, firme e forte.

Queridos diretores, produtores e roteiristas, a gente entende que é uma adaptação, que não dá pra colocar cada detalhe de 500 páginas em 2 horas, e que é necessário mudar certas coisas para fazer o filme funcionar. A gente consegue superar que os olhos Harry Potter no filme são azuis (e não verdes), que o Sirius Black é um homem feio e tatuado (e não um moreno, de olhos acinzentados, alto, elegante e lindo). Mas convenhamos, há coisas, que mesmo que sejam pequenos detalhes, são importantes, insubstituíveis e insuperáveis para os fãs. Eu preciso que o filme diga para quê a Casa dos Gritos e o Salgueiro Lutador existiam; eu preciso que os alunos não usem mágica fora da escola, porque é proibido; eu preciso que diga que Tonks está grávida de Lupin e que Lupin a abandona, até que Harry coloque algum senso na cabeça dele; eu preciso que as intercambistas de Beauxbatons não sejam todas menininhas delicadinhas e loirinhas e que os intercambistas de Durmstrang não sejam todos meninos carecas que lutam capoeira!

Nós, fãs, precisamos que os filmes sejam fieis aos livros. E fiel não quer dizer a cópia literal do livro. Basta ter todas as informações essenciais, as coisas bem explicadas e, principalmente, que vocês não inventem coisas “do além” no roteiro. Ah e que, por favor, não façam um lobisomem sem pelos e que parece mais com o Golum do que com um lobo.




Nesse vídeo os caras do Poligonautas falam sobre várias adaptações e dão suas opiniões, incluindo sucessos como o Harry Potter, o Senhor dos Anéis, e O Guia do Mochileiro das Galáxias.

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