quinta-feira, 28 de março de 2013

Gambit: Uma verdadeira engenhoca de arte

Bruna Fernandes


Um filme que começa com uma abertura estilo a da Pantera Cor de Rosa, de cara, já não me agradaria. Mas, com um roteiro dos premiados irmãos Coen e um elenco com Colin Firth e Alan Professor Snape Rickman, Gambit* (2012) valeu como passatempo - quando eu não estava fazendo nada numa tarde de domingo, é preciso salientar. Na verdade, a ideia também era fugir do blá blá blá dos filmes do Oscar e de quem só diz que assiste coisas cult.

Com um enredo simples, que não força uma mente pré segunda-feira, o filme traz o desejo de vingança do curador de arte Harry Deane (Firth) contra seu chefe Lord Shahbandar (Rickman). Sempre menosprezado pelo multimilionário da mídia londrina, Deane resolve que vai roubar um Monet do patrão. Para isso, conta com a ajuda de um falsificador de arte e da vaqueira PJ Puznowski (Cameron Diaz). Isso mesmo, uma vaqueira americana chega na conversa com seu sotaque exageradamente texano para dar continuidade ao plano de Deane (sempre com ar de bobo-sério usando o óculos da Chiquinha do Chaves). A partir daí, já em solo britânico, Diaz coloca para fora todo o seu treino de cowgirl do Texas para ajudar a convencer o Lord a fazer negócios com suas belas artes, tudo parte do plano. No desenrolar da trama, o enrolado entendedor de obras artísticas passa por situações cômicas para tentar alcançar seu objetivo. Piadinhas à parte, o que parece se encaminhar para um roubo desajeitado vai se tornando, sem que se perceba, em um esquema sofisticado.
Leve, rápido (nem chega a 1h30) e engraçadinho, Gambit é um remake de um longa homônimo lançado em 1966, dessa vez com Michael Caine como condutor da história. Vários scripts foram propostos para a recriação, mas, somente ano passado, um deles foi parar no vídeo, e nas mãos do diretor Michael Hoffman. O roteiro utilizou a ideia básica do original, um assalto a um magnata – e não muito mais que isso -, com uma dose de humor seco misturada a clichês flatulências. O remake traz bons diálogos entre os personagens e foge da linha séria de Bravura Indômita e Onde os fracos não têm vez, dos Coen. Além disso, faz Colin Firth firmar seu lado cômico e ao mesmo tempo contido, numa história que mostra que nem sempre o que o telespectador está vendo é o que está realmente acontecendo. Uma surpresa (pelo menos para mim) foi ver outro Rickman, que não o sombrio Snape de Harry Potter, em cenas engraçadas e, por que não, toscas, que valem a pena ver. O que não foi nada surpreendente foi a atuação excessiva de Cameron Diaz, mas que se torna suportável com o passar da bobina.
O Gambit original concorreu a três Oscars técnicos e recebeu, talvez por ter vindo primeiro, melhores críticas. Entretanto, para um dia de domingo ocioso, os dois são uma boa pedida. Mas, todo cuidado é pouco, afinal, o domingo pode superar a segunda-feira e se tornar o dia mais chato da semana. 

Sinopse: Harry Deane (Colin Firth) trabalha no mundo das artes plásticas, mas é também um grande malandro na arte de enganar o próximo. No momento, seu próximo plano é passar para trás um dos mais ricos colecionadores do mundo. Para fazer seu serviço, Deane planeja contratar a bela PJ Puznowski (Cameron Diaz), uma rainha de rodeios, para que sua vítima caia de encantos por ela e ele possa concluir seu "trabalho" com relativa tranquilidade. Mas ele não contava que também acabaria fisgado por sua própria isca e aí os erros começam a aparecer e tudo pode ir por água abaixo.

Gênero - Comédia, Policial

Direção: Michael Hoffman

Roteiro: Ethan Coen, Joel Coen

Elenco:Alan Rickman (Lord Shahbandar), Anna Skellern (Fiona), Cameron Diaz (PJ Puznowski), Colin Firth (Harry Deane), Stanley Tucci (Martin Zaidenweber), Togo Igawa (Takagawa), Tom Courtenay (Major Wingate)

Produtores: Adam Ripp, Mike Lobell

Países de Origem: Estados Unidos da América, Reino Unido

Estreia Mundial: 12 de Outubro de 2012

Estreia Brasil: 4 de Janeiro de 2013


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