quinta-feira, 4 de abril de 2013

Falta de educação deixa trânsito caótico

Felipe Gesteira

Criança sendo transportada de forma irregular no Centro de JP (Foto: Felipe Gesteira)


Aumentam os valores das multas de trânsito, as fiscalizações seguem ostensivas, e o que se percebe diariamente é que o próprio condutor, na maioria das vezes, é mal educado. Bebida e direção, motoristas parando em cima de calçadas, faixas de pedestre, fechando cruzamentos, além do excesso de velocidade e bastante imprudência. Muitos incidentes poderiam ser resolvidos e até evitados se boas práticas fossem aplicadas. Falta conscientização.

Em uma entrevista para o jornal A União publicada há cerca de um mês, o superintendente de Mobilidade Urbana de João Pessoa, Nilton Pereira, destacou a falta de educação dos motoristas. "Na verdade não existe falta de educação no trânsito. O problema é a falta de educação doméstica. Quem para em cima de uma faixa de pedestre ou de uma calçada é incapaz de ter gestos educados. Quem fecha um cruzamento não tem condições de abrir uma porta para uma senhora. O trânsito mostra os reflexos da educação que a pessoa tem", concluiu.

Passageiros viajam em cima de um carro pelo interior do Estado 
(Foto: Felipe Gesteira)

Uns devem cuidar dos outros, todos pelo bem comum. O Código Brasileiro de Trânsito é claro. Em seu artigo 29, inciso 12º, parágrafo 2º, diz: “Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres”. Se fosse assim estaria tudo resolvido.

O que acontece na prática é o cidadão seguir as leis de trânsito não pela sua própria segurança, muito menos pela segurança dos outros, mas porque a infração vai doer no seu bolso. Assim foi com o cinto de segurança, que muitos não davam a mínima, e hoje, usá-lo se tornou hábito. Assim também vem sendo com a nova Lei Seca. O alto valor da multa (R$ 1.915,40) e o risco de terminar a noite na cadeia estão educando o brasileiro.

Policial e garupa trafegam sem capacete e desafiam a lei (Foto: Felipe Gesteira)
A leis acabam 'pegando', mas mostram a fragilidade do nosso sistema. Cumprir pela punição e não pelos riscos que o não cumprimento pode causar cria abismos onde a fiscalização é mais frágil. É muito comum ver cenas absurdas em ruas de menor movimento. Um exemplo simples são os casais que andam em motocicletas carregando crianças imprensadas entre os dois, como bagagem. Se não pensam na segurança dos próprios filhos, imagine dos outros?

No interior do Estado cidades inteiras funcionam sem leis de trânsito. Capacete para as motocicletas parece item opcional. Habilitação quase ninguém tem. A moto veio para substituir o jumento e quando uma blitz aparece as cidades ficam quase desertas de tantos veículos apreendidos.

Motorista estaciona na calçada do MPPB bloqueando o caminho dos pedestres 
(Foto: Felipe Gesteira)
E quando o motorista passa 'certinho' por uma blitz, sai avisando, cortando luz, postando no Waze. Avisar também é crime, e pode dar cadeia. Mesmo se não fosse, quem escapa da blitz por conta de um aviso pode ser o cara que tomou uma cervejinha, mas também pode ser um traficante portando drogas e armas, um sequestrador, ou até um motorista dirigindo um carro roubado. Um dia a vítima pode ser o mesmo cidadão que ajudou o bandido a fugir.

Somente a Educação pode revolucionar o país, e isso também vale para o trânsito. Quando a tão falada conscientização chegar, motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres poderão viver seu fluxo em paz.

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