segunda-feira, 1 de abril de 2013

Que tal um cineminha?

Aíla Muniz


Quando se fala em cinema em João Pessoa, a maioria dos comentários que se escuta é sobre a falta deles ou a respeito da precariedade dos existentes. Em contraponto a isso, pouco se vê dessas reclamações nas mídias tradicionais. Partindo dessas observações (isentas de embasamento quantitativo) e experiências, resolvi tecer um pequeno comentário citando pontos que poderiam ser melhorados nos cinemas pessoenses. Tomei como exemplo as três maiores redes da capital: Cinesercla, Box Cinemas e Cinespaço.
A começar do óbvio: a estrutura. Você entra nas salas de cinema, em especial nas do Tambiá (Cinesercla) e Manaíra Shopping (Box Cinemas) e não demora muito a notar o lixo da sessão anterior. Antes disso, provavelmente já passou pelo privilégio de sentir o cheiro de mofo grudando nas narinas. Em alguns (muitos) casos, a qualidade do áudio deixa a desejar e a má projeção faz alguns dizerem que o ingresso não valeu a pena. Em casos mais raros, depois de passar por todo o drama visual, auditivo e olfativo do durante, na saída, a pessoa ainda ganha o brinde de um chicletinho grudado na calça ou uma manchinha de ketchup.
Ainda no que defino como estrutura, está a: boa vontade de quem te atende! No Manaíra e no Tambiá não senti tanto isso quanto no Mag Shopping. O prazer das atendentes do Cinespaço ao vender os ingressos é contagiante. Percebi que não só eu sofria com a indisposição das vendedoras, depois de saber a seguinte história de um conhecido: na intenção de partilhar com os colegas de fila o quanto antes daquele olhar paciente da vendedora, e sem se sentir nenhum pouco pressionado pelo tempo que estava gastando para escolher um assento, um colega calculou de forma rápida (chutando os primeiros número e letra que vieram à mente) o lugar no qual gostaria de sentar-se. O resultado foi a compra de uma poltrona na terceira fileira, cheirando a tela. Claramente falta treinamento ao lidar com os usuários.
No que diz respeito ao público, nunca se sabe o que esperar. Trancado ali, você deve estar preparado para qualquer situação. De infrações mais leves (como as pessoas que passam o filme inteiro mexendo num saco plástico barulhento); passando por gente que passa os dez primeiros minutos de filme especificando cada horário de novela da Globo que cada ator de tal filme nacional faz; gente que atende celular pra dizer num tom de voz não tão sereno que “está no cineeema e não pode falar!”, chegando a níveis bem mais difíceis de se lidar como gente que passa um filme inteiro lendo a legenda em voz alta e fazendo pequenos comentários óbvios sobre o desenrolar da trama para alguém (provavelmente cego) que o acompanha. É difícil de imaginar, mas isso existe.
Além desses, existem os tipos irritantes de conhecimento geral e já esperados principalmente em estreias, os que têm grito pra tudo: “hmmmmmm” para cenas de demonstrações de afeto, “gostoso!” pra quando o lobisomem de Crepúsculo tira a camisa e mostra os – então – novos músculos, por exemplo; “corno!” pra quando, no sétimo filme, Hermione resolve seguir com Harry e deixa Rony sumir do mapa por uns tempos. É disso pra pior.
Esses são só alguns dos pontos gerais que mais me tiram do sério, mas é certo que cada um tem uma queixa diferente, uma situação tragicômica ou uma reclamação a gritar. É importante fazer a observação de que os cinemas da cidade são viáveis, claro (até porque se mantêm). Mas a programação e suas vantagens são coisas divulgadas constantemente, o que falta é se dizer que há de fato má qualidade em determinados aspectos do cinema de João Pessoa. Feito isso, é torcer para que pelo menos a sujeira e o básico, áudio e projeção, tenha uma mudança efetiva e mais rápida.

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