Aíla Muniz
Quando
se fala em cinema em João Pessoa, a maioria dos comentários que se escuta é
sobre a falta deles ou a respeito da precariedade dos existentes. Em
contraponto a isso, pouco se vê dessas reclamações nas mídias tradicionais.
Partindo dessas observações (isentas de embasamento quantitativo) e
experiências, resolvi tecer um pequeno comentário citando pontos que poderiam
ser melhorados nos cinemas pessoenses. Tomei como exemplo as três maiores redes
da capital: Cinesercla, Box Cinemas e Cinespaço.
A
começar do óbvio: a estrutura. Você entra nas salas de cinema, em especial nas
do Tambiá (Cinesercla) e Manaíra Shopping (Box Cinemas) e não demora muito a
notar o lixo da sessão anterior. Antes disso, provavelmente já passou pelo privilégio
de sentir o cheiro de mofo grudando nas narinas. Em alguns (muitos) casos, a
qualidade do áudio deixa a desejar e a má projeção faz alguns dizerem que o
ingresso não valeu a pena. Em casos mais raros, depois de passar por todo o
drama visual, auditivo e olfativo do durante, na saída, a pessoa ainda ganha o
brinde de um chicletinho grudado na calça ou uma manchinha de ketchup.
Ainda
no que defino como estrutura, está a: boa vontade de quem te atende! No Manaíra
e no Tambiá não senti tanto isso quanto no Mag Shopping. O prazer das
atendentes do Cinespaço ao vender os ingressos é contagiante. Percebi que não
só eu sofria com a indisposição das vendedoras, depois de saber a seguinte
história de um conhecido: na intenção de partilhar com os colegas de fila o
quanto antes daquele olhar paciente da vendedora, e sem se sentir nenhum pouco
pressionado pelo tempo que estava gastando para escolher um assento, um colega calculou
de forma rápida (chutando os primeiros número e letra que vieram à mente) o
lugar no qual gostaria de sentar-se. O resultado foi a compra de uma poltrona
na terceira fileira, cheirando a tela. Claramente falta treinamento ao lidar
com os usuários.
No
que diz respeito ao público, nunca se sabe o que esperar. Trancado ali, você
deve estar preparado para qualquer situação. De infrações mais leves (como as
pessoas que passam o filme inteiro mexendo num saco plástico barulhento);
passando por gente que passa os dez primeiros minutos de filme especificando
cada horário de novela da Globo que cada ator de tal filme nacional faz; gente
que atende celular pra dizer num tom de voz não tão sereno que “está no
cineeema e não pode falar!”, chegando a níveis bem mais difíceis de se lidar
como gente que passa um filme inteiro lendo
a legenda em voz alta e fazendo pequenos comentários óbvios sobre o desenrolar
da trama para alguém (provavelmente cego) que o acompanha. É difícil de
imaginar, mas isso existe.
Além
desses, existem os tipos irritantes de conhecimento geral e já esperados
principalmente em estreias, os que têm grito pra tudo: “hmmmmmm” para cenas de
demonstrações de afeto, “gostoso!” pra quando o lobisomem de Crepúsculo tira a
camisa e mostra os – então – novos músculos, por exemplo; “corno!” pra quando,
no sétimo filme, Hermione resolve seguir com Harry e deixa Rony sumir do mapa
por uns tempos. É disso pra pior.
Esses
são só alguns dos pontos gerais que mais me tiram do sério, mas é certo que cada
um tem uma queixa diferente, uma situação tragicômica ou uma reclamação a
gritar. É importante fazer a observação de que os cinemas da cidade são
viáveis, claro (até porque se mantêm). Mas a programação e suas vantagens são
coisas divulgadas constantemente, o que falta é se dizer que há de fato má
qualidade em determinados aspectos do cinema de João Pessoa. Feito isso, é torcer
para que pelo menos a sujeira e o básico, áudio e projeção, tenha uma mudança
efetiva e mais rápida.
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