sexta-feira, 12 de abril de 2013

Seria melhor ter uma carroça-faixa?

Bruna Fernandes
Foto: Thais Rezende/ G1 PA


Todos os dias quando faço o caminho de casa para o trabalho, dou de cara com carroças circulando pelas ruas como se fossem carros. Do bairro do Bessa até o Centro da cidade, seja em qualquer turno, é possível observar jegues, cavalos e até mesmo crianças puxando carroças e transitando por grandes avenidas como a Flávio Ribeiro Coutinho (o Retão) e a Tancredo Neves. No meu percurso diário, seja na ida ou na volta, já à noite, passo sempre por no mínimo duas carroças. 

O perigo que essas carroças representam nas ruas é evidente. Elas percorrem a cidade sem dar nenhuma sinalização, não respeitam as regras de trânsito e não têm nenhum dispositivo de segurança, colocando em risco a vida de seus condutores, dos animais e de quem passa perto delas. É mais do que comum ver carroças atravessando o canteiro central – vi isso acontecer inúmeras vezes ali na área de quem chega da BR 230 para entrar no Retão de Manaíra –, andando pela faixa da esquerda, que deveria ser para veículos em maior velocidade, e pela contramão. À noite, além de atrapalharem o fluxo por serem muito mais lentas do que os demais carros, as carroças impossibilitam uma boa visualização, pois não têm mecanismos de iluminação, como faróis. Pior do que esses problemas é a iminência de acidentes graves, que podem ser causados por essa mistura de veículos motorizados e velozes com pedestres e animais de tração. Sem falar no envolvimento de crianças, que também andam por aí desprotegidas em cima de carroças de madeira, carregando lixo, comida.

Fonte: B.O. Animal
A quantidade ainda frequente de carroças por João Pessoa é uma contradição em relação ao aumento da frota de carros da cidade, que de 2000 até fevereiro de 2013 cresceu 181%, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Já o número de motos na capital subiu de 10.438 para 77.207. A Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de João Pessoa (Semob) informou que não faz registro das carroças, o que em tese deveria, sim, ser feito pelo poder municipal. De acordo com a Semob, apenas poucas cidades no Brasil o fazem e aqui não há esse interesse. Dessa forma, ainda de acordo com a Superintendência, as carroças não são fiscalizadas, os carroceiros não podem ser multados e, caso de envolvam em um acidente, a sugestão é tentar “segurar” o responsável, porque, se ele fugir, ninguém o encontra.

Andar de carro ou de moto não significa estar em um lugar desenvolvido e ter excelência no trânsito, isso só acontece quando há um bom transporte público, acessível a todos – o que não é o nosso caso. Ao mesmo tempo, por mais que a carroça ainda seja o meio de transporte e de trabalho de muita gente, ela não pode ser usada como se fosse um veículo igual aos demais e permanecer sem qualquer vigilância.

Colocar em prática o cadastro e a fiscalização das carroças já seria, em parte, uma forma de minimizar os problemas que elas podem causar. Uma medida extrema seria a instalação de uma faixa específica para os carroceiros, mas sei que existiriam as mesmas dificuldades e a mesma ineficiência das ciclofaixas, que não são bem usadas e nem respeitadas. Ainda temos que mudar muito para alcançar um nível aceitável de qualidade nas ruas da cidade, enquanto isso, a torcida é para que as carroças cumpram as leis do trânsito e não provoquem acidentes.

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